segunda-feira, 11 de abril de 2011

A menina


A menina só espera alguém.
Alguém que não tenha todos os requisitos inventados e que planeje o encontro dos dois.
Que deixe de lado os números e os nomes, os sapatos e os paletós, as formas e as faces. Um alguém meio bobo que, com seus dotes, cuide dela.
A menina não quer somente flores e amores.
Ela aspira solidões, asfixias e arranhões.
Não quer mais saber de moderação e equilíbrio, ela quer embriagar-se com a última gota do copo e encarar, sem maquiagem, a ressaca do dia seguinte.
Já não existe medo, anelo, vontade ou expectativa.
A menina só espera alguém que a espere, se desespere.
Espera um sopro que venha de repente, aquecendo-lhe a alma, sem antecedentes.
Que seja real e doce.
Ela tem medo sim, tem vontade e expectativa.
Aquela menina tem um mundo inteiro no olhar e um jeito estranho de esperar.
E espera, não por qualquer um, mas por alguém.
Pensando bem, a menina não espera mais nada. Nem se desespera.
Perdeu o gesto, o jeito, o prumo.
Perdeu-se, e não espera encontrar-se mais.
Desistiu dos olhos, dos brilhos, dos lábios.
A menina cansou da esperança, da discrepância, da ânsia.
Ela agora só espera um amor que transborde pelos olhos e inunde o coração, enchendo-a de um sentimento imperfeito, livre e completamente desajeitado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário